Trabalhadores do metro de São Paulo em "greve ilimitada"

Os trabalhadores do metro de São Paulo começaram hoje à meia-noite uma "greve ilimitada", pondo as autoridades sob forte pressão a uma semana do começo do Mundial na capital económica brasileira, de onde partiram os protestos que, em junho de 2013, alastraram a todo o país.
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A greve dos trabalhadores do metro de São Paulo, resultado dos fracassos das negociações salariais, vai afetar 4,5 milhões de utentes nesta megalópole de 20 milhões de habitantes.O metro constitui a principal forma de acesso à Arena Corinthians, o luxuoso estádio para onde estão programadas a cerimónia inaugural antes do jogo de abertura Brasil-Croácia a 12 de junho e outros cinco dos 64 encontros do Mundial.

Ontem, cerca de quatro mil militantes do Movimento sem Teto e 400 membros da polícia militar manifestaram-se separadamente perto do estádio, onde bloquearam uma das principais avenidas de São Paulo.

O sindicato dos dez mil trabalhadores do metro de São Paulo considerou insuficiente a oferta de reajustamento salarial anual de 7,8% proposto pelo governo do estado de São Paulo. Os trabalhadores reclamam um aumento de 16,5%.

"É o mundo real. A inflação do preço dos alimentos e a inflação geral são muito mais elevados" do que a proposta das autoridades, disse o presidente do sindicato dos trabalhadores, Melo Prazeres Junior.

A greve dos trabalhadores do metro e as manifestações de quarta-feira em São Paulo são sintomáticos do que mudou um ano depois da contestação nas ruas. "É radicalmente diferente das manifestações de 2013 que foram expressão do mal-estar que existia no país. As pessoas saíam espontaneamente para as ruas", analisa o sociólogo da Universidade de Estado do Rio de Janeiro, José Augusto Rodrigues. "O mal-estar permanece. Mas são os partidos e os sindicatos que tomam lugar. A classe média tem medo da violência dos radicais" e da repressão policial, explica Rodrigues.

Nos protestos de 2013 contra o mal-estar no país e os gigantes investimentos para o Mundial 2014, lia-se num emblemático cartaz: "Quando o seu filho adoecer, leve-o ao estádio de futebol."

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